Um projeto da New Cities Foundation levou tecnologia e-health para o morro Santa Marta no Rio e resultado revela que existe grande potencial para expansão de saúde móvel nas áreas urbanas menos atendidas. O uso da tecnologia móvel pode reduzir significativamente os custos do município com saúde, melhorar o diagnóstico de doenças e aumentar o acesso à saúde primária.
A Organização Mundial de Saúde define e-health como “transferência de recursos e cuidados à saúde através de equipamentos eletrônicos”
Os resultados obtidos no Santa Marta apontam que o sistema instituído recentemente pelo Rio de Janeiro para o diagnóstico precoce e prevenção tem tido um impacto positivo na saúde dos cidadãos, e, consequentemente, sobre a incidência de hospitalizações ou de outras complicações clínicas graves.
O uso da tecnologia móvel para monitorar pacientes nas áreas que são menos assistidas pelos programas de saúde, causam impactos importantes na saúde das pessoas, influenciam decisivamente na qualidade de vida destas comunidades.
Este projeto durou 18 meses na comunidade de Santa Marta, no município do Rio de Janeiro. Liderado pela New Cities Foundation (NCF), Uma organização internacional sem fins lucrativos, o piloto é parte de uma força tarefa organizada em parceria com o município do Rio de Janeiro e com a GE, membro fundador da NCF. O piloto teve também o apoio da Cisco, outro membro fundador da 2 instituição. O Departamento de Medicina Clínica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro coletou os dados e conduziu as análises do estudo.
Os resultados obtidos pela equipe de trabalho apontam que a integração da tecnologia de e-health ao sistema de saúde de áreas urbanas mais desatendidas, como Santa Marta, pode gerar grandes economias para o sistema de saúde, aumentar a eficiência dos trabalhadores da área, melhorar o acesso aos cuidados vitais de saúde para quem mais precisa, e alcançar maior satisfação de pacientes e profissionais da saúde.
Como funcionou a estrutura do projeto
No projeto piloto, a força tarefa entregou uma mochila de e-health para a Clínica da Família (uma parceira no projeto) no Santa Marta. A mochila contém ferramentas de ponta para a medição de indicadores de saúde, fornecidas pela GE, e tem um valor de aproximadamente R$ 85.000.
O equipamento da mochila para e-health reduziu o tempo necessário para se obter resultados de exames. Com procedimentos de avaliação médica convencional, os resultados de exames de sangue podem demorar até 15 dias, em comparação com 3 minutos com o kit e-health.
Utilizando a mochila de e-health, os funcionários da clínica forneceram atendimento domiciliar para uma amostra de 100 pacientes com 60 anos ou mais. Os pacientes selecionados para o estudo sofrem de doenças crônicas e enfrentam dificuldades de mobilidade. Considerando o terreno de Santa Marta, esses pacientes normalmente teriam dificuldade para acessar os serviços de saúde e a Clínica da Família localizada na base de um morro íngreme.
Pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro compararam os resultados clínicos do piloto de e-health com os dados de um grupo de controle histórico. Esse grupo de controle era formado por pacientes que não haviam se beneficiado da tecnologia de e-health.
Eonomicamente o estudo mostrou que a tecnologia de e-health melhora o monitoramento do paciente e leva à detecção precoce de enfermidades, o que resulta em economias diretas para o município.
Veja aqui o relatório da Fundation New Cities e informações completas.
Sabemos da importância de aplicarmos estas novas tecnologias na área da saúde, a parceria é especialmente interessante quando dirigido para populações que não podem ter acesso a estes equipamentos, além disso os profissionais de saúde também passam a ser mais eficientes, pois os serviços que eles precisam para que seu trabalho seja desenvolvido também acontece de forma eficiente, todo processo evolui naturalmente.
Exemplos relatados que refletem a importância deste trabalho:
Francisco, o filho de um paciente de 87 anos que não pode mais caminhar, diz: “Agora [a enfermeira da Clínica da Família] faz exames de sangue e mede a pressão sanguínea em casa. Isso facilita muito nossa vida. Não temos mais que descer o morro até a clínica com ela”.
Suzanne Nascimento, uma agente comunitária de saúde que participou da implantação do piloto, “Essas ferramentas móveis facilitaram para todos os envolvidos. É muito mais confortável para pacientes com dificuldade de mobilidade realizarem os exames em casa, assim como tornou as coisas mais fáceis para seus parentes, que algumas vezes precisam deixar o trabalho para cuidar deles”
A medicina sem fio, como relatei em outro texto, vai fazer parte da nossa vida, o monitoramento remoto por meio de uma rede celular evita visitas periódicas em um estabelecimento de saúde para inspeções, economia de tempo e dinheiro, outros passos para o futuro.
Uma frase de Mathieu Lefevre, Diretor Executivo da New Cities Foundation é especialmente interessante, e com ela encerramos o texto: “Este estudo mostra que podemos e devemos começar onde o melhor acesso à saúde é mais necessário, e devemos fazer isso usando a melhor tecnologia disponível…”