Compras de medicamentos e materiais hospitalares centradas em órgãos que não exercem atividades ligadas efetivamente com saúde e não entendem das questões hospitalares seus entraves, particularidades, urgências, e emergências na maioria das vezes deixará a desejar, acarretando transtornos irreversíveis ás instituições hospitalares que dependem dele.
Alguns governos estaduais descentralizam serviços, muitas vezes sobrecarregando instituições e centralizam ações de compras de materiais em superintendências de aquisição de insumos hospitalares outras vezes deixam a cargo de secretarias o que é pior ainda, falta compromisso direto com o paciente, aplicam metodologias de compras que visam apenas atender políticas eleitoreiras e demagógicas.
E isso acontece porque? É simples, se ele não está presenciando as situações intra-hospitalares não sente o que elas causam, claro falta de comprometimento com as funções que exercem.
Alguém que tenha que comprar um medicamento para um paciente que se encontra internado em estado grave em um hospital a quilômetros de distância, não pode calcular o transtorno que esta falta ou atraso acarreta para a equipe e principalmente para o paciente.
Estes compradores muitas vezes exercem o fictício “corte de gastos”, na prática acontece é o desvio, algumas vezes para as contas de laranjas e outras para áreas que possam beneficiar a si mesmo, parentes ou empresários que os apoiaram nas eleições.
Um mecanismo que vem apresentando bons resultados é a compra através de pregão eletrônico, que aumenta a concorrência entre os fornecedores e estas podem oferecer melhores preços tendo em vista que não precisam deslocar funcionários até o local da venda.
A impossibilidade de fazer a aquisição do medicamento pelo próprio hospital gera angústias, stress no ambiente hospitalar, tendo em vista que a falta deste medicamento leva a descontinuidade do tratamento.
Mas os senhores doutores, que estão nas cadeiras almofadadas em suas salas refrigeradas por um grande e potente ar condicionado, não estão vendo este paciente que agoniza por falta do insumo hospitalar, mesmo que o hospital lhe comunique inúmeras vezes ele jamais tem a noção real do que se esteja falando.
Enquanto isso o paciente sofre, muitas vezes dividindo um quarto com vários outros internos e disputando um lugar em frente ao ventilador.
Digo que a centralização das compras de materiais hospitalares em locais fora da instituição, longe dos acontecimentos reais é punir duas vezes, pois naturalmente o ambiente hospitalar por suas características já é angustiante, por mais que a humanização esteja tentando amenizar este “lidar constantemente com o limiar da vida”, a falta de equipamentos e materiais para uso no processo de “cuidar” do paciente acarreta uma segunda angústia nos trabalhadores da saúde.
Defendo que as compras de materiais hospitalares, mesmo que não no todo pelo menos em partes sejam feitas pela própria instituição, as pessoas que ali estão conseguem ter a dimensão da dor dos pacientes e a gravidade que é a falta ou atrasos na chegada do insumo gera para todos dentro do hospital.
A fiscalização deve sim existir e tem que ser sempre rigorosa, por parte da secretaria de saúde, órgão este que tem que atuar como implementador, regulador e fiscalizador das políticas públicas, cabendo a ele também gerir a parte dos recursos que lhe cabe repassar aos hospitais para que estes posam realizar bem suas funções focadas sempre no paciente.