O Prontuário Eletrônico do Paciente – PEP é basicamente uma forma de se arquivar as informações sobre a saúde de cada paciente que é atendido em um hospital, clínica ou outro tipo de instituição, e estes dados armazenados são protegidos para que apenas pessoas autorizadas possam consultar, seja para ver atendimentos ambulatoriais anteriores, cirurgias realizadas, vacinas tomadas, visualizar resultados de exames que já foram feitos ou incorporar novos dados. Mas sua utilização vai muito além disso, poderia ajudar evitar a aparecimento de bactérias resistentes, as superbactérias.
Entre as várias funções do PEP, algumas podem ser fundamentais no processo de contenção e prevenção do surgimento de superbactérias resistentes a antibióticos atualmente existentes.
Vantagens do prontuário eletrônico
POSSARI (2005); e também COSTA (2001) citavam as vantagens do prontuário eletrônico, selecionei aquelas que podem se aplicáveis ao caso em questão.
- Pode incorporar sistemas automatizados de alerta e apoio á decisão.
- Acesso simultâneo, ou seja, o mesmo prontuário pode ser acessado ao mesmo tempo em vários locais.
- Tendências são facilmente detectadas.
- Possibilita o levantamento estatístico para pesquisa de dados, ou encontro de palavras-chaves.
- Eliminação de dados redundantes e pedidos de exames em duplicidade, criação de alertas para exames alterados. (alertas, como pacientes alérgico e diagnóstico de pacientes).
- Proporciona economia de tempo, no encontro rápido dos dados, criações de layout, possibilitem uma melhor visualização dos mesmos.
Perceba que estas vantagens que destaquei se encaixam perfeitamente no apoio a CCIH e vigilâncias sanitárias, instituições de saúde e profissionais de saúde, para prevenir o surgimento de superbactérias resistentes.
Por isso, considero o PEP ferramenta essencial para que outras bactérias não se tornem resistentes a medicamentos que possuímos para combatê-las.
Outro ponto importante, anteriormente citado pelo Dr. Leonardo Diamante @ldiamante em seu blog, se refere a necessidade premente da incorporação, ou adesão das farmácias comerciais, a comunidades de Saúde.
As abordagens e controles intra-hospitalares devem evidentemente passar pela incorporação de instituições extra-hospitalares para que o processo se torne completo, e não continue fragmentado como ocorrer hoje.
Sabendo que as farmácias comerciais ainda não estão integradas aos sistemas de prontuários eletrônicos, um ajuste será necessário, assim saberemos ao abrir o PEP que o medicamento foi realmente adquirido no momento certo e na dose exata.
Mas ainda temos clínicas particulares e outras instituições alheias a este processo.
O prontuário eletrônico é ferramenta importante também para redução de erros no momento da prescrição de antibióticos, visto que a burocracia consome grande parte do tempo do médico, conforme citado por @jsystems em saúde conectada.
Em quais situações o prontuário eletrônico pode ser útil para evitar surgimento de bactérias resistentes
- A equipe da CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar pode acompanhar tendências de resistências de bactérias a antibióticos,
- Equipe CCIH pode acompanhar em relatórios gerenciais o uso racional de antimicrobianos, interferindo quando achar necessário,
- O médico pode verificar facilmente quais antibióticos o paciente já usou, qual médico indicou, dose utilizada, localização da infecção, período de uso e resultados de exames microbiológicos. Está tudo disponível no PEP para que a decisão da indicação naquele momento respeite a história medicamentosa do paciente,
- O médico pode atuar evitando o uso frequente de um mesmo antibiótico,
- O médico conta com um sistema de aviso e recomendações sobre o uso racional de antibióticos na instituição no ambiente do PEP,
- A farmácia, acessando o PEP (aparando as arestas acima apontadas sobre as farmácias comerciais) entrega o medicamento, informa o paciente, lançando no PEP os dados referentes ao fármaco, controla o uso de antibióticos conforme ANVISA deseja,
- Possibilita o uso de gadgets como iPad para inserção de informações sobre saúde do paciente, mobilidade, derrubando barreiras de comunicação,
- Gerar gráficos estatísticos no laboratório sobre resultados de culturas de bactérias e TSA – Testes de Sensibilidade a Antibióticos dentro da instituição de saúde,
- O retorno de pacientes após a alta, atendidos no ambulatório, com infecção da ferida operatória dificilmente são identificados pela CCIH, com o PEP no atendimento deve obrigatoriamente ser preenchido o campo “infecção da cirurgia – sim ou não”, automaticamente a CCIH fica sabendo e apoia sobre o uso racional de antibióticos.
Veja situações de aplicação do PEP – O paciente procura o médico na clínica ou no hospital para ser atendido, o médico visualiza todos os dados de consultas e tratamentos anteriores, avaliando identifica que o paciente necessita de antibioticoterapia, lança no PEP estas informações, ele vezes deseja prescrever o antimicrobiano corretamente, mas não se recorda das recomendações que devem ser empregadas naquela situação ou o antibiótico mais indicado, recorre novamente ao PEP que tem estes avisos e recomendações sobre o uso racional de antibióticos.
O medicamento é escolhido e prescrito, o paciente recorre a farmácia para ter acesso ao fármaco, neste momento a farmácia, (aparado as arrestas acima apontadas), tem acesso ao prontuário do paciente (campo mediamentos prescritos), entrega o medicamento, informa efeitos colaterais, a importância de tomar na hora certa e não interromper o tratamento até a última dose, e lança no PEP os dados do medicamento, o paciente toma a medicação conforme indicado.
No futuro, não muito distante, o paciente receberá o medicamento em um fraco que avisará quando for a hora de tomar – GlowCaps, e quando o comprimido é retirado uma informação via Wi-fi é enviada a uma base que por sua vez envia a informação para o PEP, o médico acompanha se o medicamento está sendo tomado corretamente.
No retorno do paciente ao consultório o médico avalia as condições atuais do paciente e lança no PEP o resultado do tratamento.
Portanto, o PEP gera benefícios imediatos para o paciente e para todos os outros profissionais que fazem o atendimento, em todas as etapas do processo, e um deles é ajudar a equipe de saúde evitar o surgimento de bactérias resistentes.