O exame laboratorial colinesterase serve para avaliar exposição recente a inseticidas organofosforados e carbamatos, compostos agrotóxicos, de ampla comercialização no Brasil, que inibem a enzima acetilcolinesterase. Veja como é a coleta do sangue para realizar este teste e saiba qual valor normal, e o que representa resultado com nível alto e baixo.
Os organofosforados são compostos agrotóxicos, largamente usados no Brasil, agem inibindo a enzima acetilcolinesterase. Existem duas formas de colinesterase, acetilcolinesterase verdadeira ou colinesterase I que está presente em eritrócitos, pulmão e no sistema nervoso. A pseudocolinesterase ou colinesterase II, sérica ou butirilcolinesterase, encontrada no plasma e no fígado. Este é o teste “colinesterase sérica” que mede apenas a atividade da pseudocolinesterase.
Para que serve o teste da colinesterase sérica
Normalmente aqueles sintomas indicativos de intoxicação por organofosforados ou carbamatos são devido a inibição da colinesterase verdadeira.
Sintomas: Coma, convulsões e contração muscular pequena, local, momentânea e involuntária. Veja relato de caso.
Entretanto, a pseudocolinesterase é inibida paralelamente, constituindo um marcador de exposição.
Pessoas expostas aos inseticidas citados, apresentam diminuições na colinesterase sérica.
Caso a redução seja de cerca de 40% são associadas a sintomas iniciais ou leves.
Já diminuições de cerca de 80% são associadas a efeitos neuromusculares.
A exposição crônica, no entanto, é mais bem mensurada por meio da determinação da atividade da acetilcolinesterase eritrocitária.
Inseticidas inibidores das colinesterases
Inseticidas Organofosforados: produtos deste grupo são responsáveis pelo maior número de intoxicações e mortes no país. Entre eles, Malation, Folidol, Azodrin, Diazinon, Tamaron Nuvacron, Rhodiatox.
Carbamatos: grupo muito utilizado no país. Por exemplo, Carbaril, Furadam, Zectram, Temik, Sevin.
Um artigo de revisão de Susana Maria Sousa fala sobre a Intoxicações por Inibidores da Acetilcolinesterase: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento.
Caso relatado sobre a presença de organoclorados no leite materno.
Como é a coleta do material biológico para realizar o teste colinesterase
O material biológico que será usado para realizar esta dosagem é o sangue, coletado normalmente da veia do braço.
O ideal é que o paciente realize um jejum mínimo, não obrigatório, de 4 horas antes da coleta do sangue.
O resultado não demora para ser liberado, normalmente ocorre no dia posterior ao da coleta do material.
Valores normais e alterados
A realização do teste normalmente é por colorimetria e os resultados normais estão plotados abaixo.
Para o sexo masculino o valor normal é de 5.900 a 12.200 U/L.
E para o sexo feminino os valores normais são níveis entre 4.700 a 10.400 U/L.
Valores aumentados podem ser encontrados em casos de carcinomatoses em tratamento quimioterápico, obesidade e diabetes.
Valores diminuídos em casos de desnutrição, variações genéticas, cirurgias recentemente realizadas, triquinose, doenças hepáticas (especialmente hepatites e cirroses), gravidez, anemia, uso de medicamentos (neostigmina, quinina, fluoretos, cloreto de tetrametilamônio).
Em geral, pacientes com cirrose avançada e carcinoma com metástases mostrarão uma redução de 50% a 70%.
Essencialmente, valores normais são observados em hepatite crônica, cirrose leve e icterícia obstrutiva.
Tempo de reativação de colinesterase: plasmática ou sérica: 15-30 dias e a eritrocitária: 30-90 dias.
A atividade da colinesterase plasmática é reduzida de forma mais rápida e intensa que a colinesterase eritrocitária, refletindo a exposição aguda aos organofosforados. Apresenta meia-vida de 8 dias, tendo pouca importância nas intoxicações crônicas.