O Fundo Nacional de Saúde aprovou um projeto da Fiocruz que tem por objetivo criar um Centro de Produção de Kits Diagnósticos para o SUS, seria uma plataforma de desenvolvimento e produção de testes capazes de responder a situações de surtos ou demandas sazonais de doenças emergentes e re-emergentes. A iniciativa terá como executoras, além da VPPLR (Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência), o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), o Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz Paraná) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
Com o projeto, a Fiocruz passará a ter uma plataforma de desenvolvimento, validação e produção, em Boas Práticas de Fabricação, de kits diagnósticos para atendimento às demandas específicas para ações de vigilância epidemiológica de doenças infectocontagiosas, como as doenças negligenciadas, para as quais não existe hoje disponibilidade comercial de testes.
Na interpretação da vice-presidente da VPPLR/Fiocruz, Claude Pirmez, a instituição dará um salto tecnológico de qualidade e se prepara para os grandes eventos mundiais que devem ocorrer futuramente onde novos patógenos podem vir junto com o grande fluxo de visitante e o país precisa estar preparado com kis específicos necessários para o diagnóstico de várias doenças.
A maior parte das doenças que são objeto de vigilância epidemiológica no Brasil são próprias de países em desenvolvimento, em sua maioria negligenciadas. A demanda por esses testes se reveste de grande importância, sendo a base para as ações de vigilância. No entanto, como há baixo grau de previsibilidade quanto às quantidades e prazos de utilização, este mercado exerce baixa atratividade aos produtores mundiais, fato que se reflete no baixíssimo investimento em desenvolvimento de testes para estas doenças e, por consequência, uma quase inexistente oferta de produtos.
Acredito que realmente é necessário implementar um projeto como esse, contemplando a distribuição de testes para os laboratórios públicos que trabalham sempre em condições precárias, dependendo quase sempre da boa vontade política momentânea estadual e principalmente municipal, levando instabilidade ao sistema diagnóstico, com faltas de kits para investigações básicas. É realmente importante focar nesta questão de estar preparado para os grandes eventos, apesar de achar que estamos um pouco atrasados para isso, mas com a estrutura que tem a Fiocruz acredito que seja possível sim, mas é fundamental que seja para funcionamento, criação, produção e distribuição de kits diagnósticos, durante e depois dos grandes eventos.