A toxoplasmose, doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, deve ser investigada, principalmente em gestantes, pois este parasita causa sérios problemas ao feto, mas o diagnóstico da doença, que é realizado no sangue, a sorologia para toxoplasmose, não tem o resultado definitivo em apenas um teste, mas será necessário fazer mais de um tipo de exame, toxoplasmose IgG, IgM, avidez, IgA, para que o médico possa dizer se é uma infecção recente ou tardia. A intenção deste texto não é discorrer sobre a doença, formas de transmissão, sintomas ou tratamento, mas sim, o diagnóstico de uma forma mais simples possível.
Por tratar-se de uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii, que passa parte do seu ciclo de vida em animais e os demais em seres humanos, é uma infecção comum, por isso a preocupação com esta doença deve existir e consultas e exames realizados para afastar esta possibilidade.
A infecção nos humanos é assintomática (praticamente não aparece sintomas) em 80 a 90 % dos casos, e pode nem ser sentida naqueles pacientes em que a imunidade está bem equilibrada.
Uma mulher grávida tem cerca de 40% de chance de passar a infecção para o feto, e muitas crianças infectadas não apresentam sinais até meses ou anos depois.
A toxoplasmose desenvolve-se na mulher grávida exposta ao parasita T. gondii presente principalmente nas fezes do gato, (ovos só pode crescer no trato intestinal do animal), uma vez que os ovos de T. gondii são excretados nas fezes, tornam-se infecciosos para o homem após 1 a 5 dias. (ver ciclo)
Anticorpos na Toxoplasmose
Anticorpos IgG: Surgem em 1 a 2 semanas chegando ao pico em 1 a 2 meses; caem variavelmente, podendo persistir por toda vida. Valores elevados de IgG, com IgM negativo não significam maior probabilidade de infecção recente.
Anticorpos IgM: Aparecem dentro de 5 dias, desaparecendo depois de semanas ou meses. Anticorpos IgM podem persistir por muitos meses e em alguns casos até por 1 ou 2 anos, não significando necessariamente infecção recente. Um resultado de IgM negativo ou positivo na gravidez não diagnostica ou afasta infecção aguda, sendo necessária complementação diagnostica. Não ultrapassa a placenta, sendo útil no diagnóstico da infecção congênita em recém-nascido.
Normalmente o exame positivo de toxoplasmose IgG revela que esta gestante teve contato no passado com o T. gondii, causador da toxoplasmose, mas o sistema de defesa desta pessoa pode ter funcionado muito bem e nenhum problema maior ou sintoma tenha aparecido. No caso da toxoplasmose IgM negativo, revela que a gestante não está infectada, a negatividade no exame de IgM indica que a pessoa não está com a doença nesse momento e, neste caso, o bebê não corre risco de pegar essa infecção, mas este valor deve ser avaliado pelo médico.
Anticorpos IgA: Detectados em infecções agudas e na doença congênita. Podem persistir por meses, ate mais de 1 ano. Maior sensibilidade que IgM na infecção congênita.
Metodologias usadas para pesquisar os anticorpos
Teste de Hemaglutinação, Teste de imunofluorescência indireta (IFI) IgM,Teste de imunofluorescência indireta IgG, Imunoensaio enzimático IgA, Imunoensaio enzimático IgM, Imunoensaio enzimático IgG, Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgM (útil para confirmação de IgM positivos em outros ensaios),Enzyme Linked Fluorescent Assay (ELFA) IgG, Teste de Avidez IgG (Imunoensaio enzimático).
Dois fatores devem ser considerados para justificar a solicitação de um teste de AVIDEZ de IgG para Toxoplasmose: resultado de pesquisa de anticorpos IgG e IgM positivos; a segunda é de níveis de anticorpos IgM sejam baixos (residuais).
Interpretação dos resultados do exame de toxoplasmose em adultos
- IgM negativo (- ou não reagente) com IgG positivo (+ ou reagente): Infecção no passado com o T.gondii há mais de 1 ano, podendo não ter desenvolvido sintomas.
- IgM negativo (- ou não reagente) com IgG negativo (- ou não reagente): Ausência de contato com o T.gondii ou infecção muito recente, dentro do prazo de poucos dias em que a resposta imunológica ainda não está detectável.
- IgM positivo (+ ou reagente) com IgG negativo (- ou não reagente): Este resultado deve ser analisado com cautela – pode ser um IgM falso positivo, fato que pode ocorrer, mas existe a possibilidade de ser uma infecção aguda na fase inicial onde IgG ainda não está positivo mas pode vir a ficar positivo ainda, o que não é muito comum. O procedimento neste caso é realizar novo exame depois de 2 semanas e se o novo resultado apresentar IgG e IgM (Positivo) era uma infecção na fase inicial e se continuar o mesmo resultado anterior IgG (-) e IgM(+) é um resultado falso positivo para IgM.
- IgM positivo (+ ou reagente) e IgG positivo (+ ou reagente): Este resultado indica que deve ser uma infecção ocorrida recentemente, e deverá ser confirmada com o exame de toxoplasmose – teste de avidez IgG.
- Teste de Avidez IgG – Avidez baixa (menor do que 30%) sugere infecção recente adquirida há menos de 4 meses; Avidez moderada não exclui uma infecção recente; e Avidez elevada (maior do que 60%) pode excluir infecção primária adquirida há mais de 4 meses.
Algoritimo minicioso pode ser visto neste endereço.
Modelo de resultado do exame Toxoplasmose – Teste de Avidez – IgG
Método: Quimioluminescência (pode ser por outras metodologias)
Resultado: XX (aqui vai aparecer o valor que deu o seu exame)
Valores de referência: Baixa avidez: Inferior a 0,30 – Sugere infecção ocorrida nos últimos 4 meses | Moderada: Entre 0,30 a 0,35 – Não permite definir o período da infecção | Alta Avidez: Resultado igual ou maior que 0,35 sugere que a infecção tenha ocorrido a mais de 4 meses.
Resultados do teste de toxoplasmose em recém-nascidos (RN)
Em RN resultado de IgG não tem valor diagnóstico, pois ocorre transferência pela placenta do IgG da mãe.
A presença de anticorpos IgM (não passa pela placenta), pode indicar infecção fetal, mas pode ser falso, pois o feto pode produzi-los só tardiamente (neste caso o ideal é fazer um outro exame toxoplasmose IgA), que tem maior sensibilidade do que o teste IgM. Também podendo ser feito o Toxoplasmose pelo PCR, no sangue periférico do RN ou no sangue do cordão umbilical.