Até então, era consensual que uma instituição de saúde ao aderir a um sistema para registrar eletronicamente todas as suas informações geradas, teria no balanço final uma economia evidente ao evitar repetições de procedimentos, gastos com papel, duplicidades, desperdícios, principalmente agilizando o atendimento ao paciente e reduzindo erros, e uma ferramenta de gestão essencial para ser capaz de melhorar a qualidade e reduzir custos, mas um estudo demonstra que nem tudo são flores, tanto é que causou um alvoroço, apesar de outro levantamento efetuado recentemente demonstrar o contrário sobre solicitação de exames de sangue em registros eletrônicos de saúde, acompanhe.
Os registros eletrônicos de saúde arquivam as informações de cada paciente que é atendido em um hospital, clínica ou outro tipo de instituição, estes dados armazenados são protegidos para que apenas pessoas autorizadas possam consultar. O médico acessa no momento da consulta o PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente, para ver atendimentos ambulatoriais anteriores, cirurgias realizadas, vacinas tomadas, resultados de exames de sangue que já foram feitos, Rx, e vai incorporar novos dados de acordo com a clínica atual do paciente, munindo o sistema com novas informações sobre medicamentos, e novos exames de sangue e de imagem que forem necessário. Em relação a exames de imagem e testes de laboratório repousa uma dúvida quanto a economia ou aumento nos gastos com a implementação dos registros eletrônicos de saúde.
Um estudo em Health Affairs por Danny McCormick e colaboradores, apresenta um cenário diferente do que tínhamos em relação a economia com os registros eletrônicos de saúde RES, desmente a afirmação de que o “acesso eletrônico aos resultados dos pacientes e prontuários médicos reduz quantidade de testes de diagnóstico e gera economia de dinheiro”, foram analisados os registros de 28,741 consultas de pacientes e identificou-se um aumento no número de pedidos de exames de imagem e de sangue solicitados por aqueles que possuem acesso aos RES em comparação com aqueles que não possuem.
McCormick diz, que os resultados levantam a possibilidade de que, com a implementação do registro eletrônico de saúde, o acesso eletrônico não diminui a solicitação de exames e pode até aumentar, possivelmente devido às características do sistema, as tentações e praticidade para solicitar, as facilidades para visualizar o resultado mais rapidamente.
Michael Furukawa, um economista da saúde do Gabinete do Coordenador Nacional de Tecnologia da Informação em Saúde dos EUA, ataca a pesquisa, diz que não foi suficientemente profunda, acrescenta – Médicos que tiveram melhores sistemas eletrônicos, por exemplo, podem receber alertas recomendando contra novos raios-X, ou se os pesquisadores se dirigiram a pacientes com condições agudas que possam precisar de mais raios-X os resultados podem ser outros realmente.
Este estudo desencadeou um intenso debate sobre o valor dos Registros Eletrônicos de Saúde, e se realmente eles compensam os milhões investidos, o governo se defende, aponta as vantagens dos seus programas e os erros dos pesquisadores, estes por sua vez, novamente rebatem.
Mas, um outro estudo investiga a introdução de um registro eletrônico de saúde em 2 centros médicos dos EUA, neste caso, associada a uma redução no volume de teste de laboratório, o que compensa os investimentos e confirma a antiga teoria de que os RES reduzem gastos.
Por fim, ainda temos muito para desvendar no vasto campo dos registros eletrônicos de saúde, mas uma coisa é certa, no geral eles realmente reduzem gastos, pode ser que em algumas áreas, se não for usado filtros específicos, poderia ocorrer em algum momento, principalmente nas fases iniciais de implantação, um aumento de gastos, mas nada que criação de rotinas de solicitação de exames para cada segmento patológico não pudesse resolver.