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Avanço da ciência do ano: o tratamento do HIV como prevenção

A revista Science promove no final de cada ano uma lista com os mais importantes avanços científicos, incluindo várias conquistas do mundo da saúde e da medicina, este evento faz parte do seu calendário. Neste ano o vencedor foi um estudo sobre uso do antirretrovirais como prevenção, mas antes vou mostrar trecho de um email que recebi esta semana.

Muitas questões relativas a HIV e AIDS nos fazem refletir, veja aqui algumas delas, a que vou descrever ajuda a entender a importância do estudo que a revista Science destaca e coloca como o mais importante avanço científico do ano.

Olá! Descobri ser soro+ apos a morte do meu esposo e agora, depois de 4 anos, consegui a me permitir sexualmente com outra pessoa. Mas as dúvidas minha e dele são muitas. Sempre me informo com meu infectologista mas até o momento não havia me relacionado sexualmente com outra pessoa. Enfim, gostaria de saber, eu sendo mulher, caso a camisinha “fure” há um grande risco de contaminação mesmo eu sendo soro+ negativada?

Bom, expliquei a ela sobre várias questões, parabenizei sua decisão e a forma como a tomou. Este caso foi para ilustrar o estudo científico que foi destaque, vamos ver como ele foi desenvolvido e seus substanciais resultados.

Prevenção HIV Trials Network 052, um estudo randomizado, registrou 1.763 casais heterossexuais de nove países diferentes, que analisou a eficácia de dois regimes de tratamento para prevenir a transmissão sexual do HIV entre casais sorodiscordantes (quando um dos parceiros é HIV positivo e outro parceiro é HIV negativo).Verificou-se que quanto maior a carga viral no sangue de uma pessoa HIV-positiva, maior o risco de transmissão.

As drogas da terapia antirretrovirais (ART) reduzem a carga viral do sangue e nas secreções genitais. O HPTN 052 estudo compara os índices de infecção de dois grupos de casais sorodiscordantes-HIV. No primeiro grupo, o parceiro com HIV começa a tomar o tratamento ART, logo que eles são incluídos no estudo. No segundo grupo, o parceiro com HIV começa a fazer tratamento ART quando ele ou ela teve dois CD4 + contagem de células consecutivas dentro ou abaixo dos 200-250 células / mm 3, ou quando ele ou ela é diagnosticada com AIDS.

Os medicamentos antirretrovirais usados ​​para tratar pessoas infectadas pelo HIV também reduzem drasticamente as taxas de transmissão do HIV, uma descoberta que pode influenciar as estratégias utilizadas pelos defensores da saúde e formuladores de políticas para combater a doença.

Estas evidências mostrando que medicamentos antirretrovirais (ARVs) podem prevenir a transmissão heterossexual do HIV confirmou dados anteriores de observação que, se o parceiro HIV-positivo em um par discordante tomou ARVs, a transmissão para o parceiro HIV-negativo foi praticamente eliminada, pelo menos por mais de 2 anos. Dois estudos randomizados descobriu que tomar ARVs pelo parceiro HIV-negativo em um par discordante (pré-exposição profilaxia) também reduziu substancialmente a transmissão.

Este ensaio clínico demonstrou que pessoas infectadas com o HIV são 96 por cento menos probabilidade de transmitir o vírus a seus parceiros, se tomar medicamentos antirretrovirais (ARVs).

Deve ser o resultado final de um debate de longa data sobre, se ARVs poderia fornecer um duplo benefício, tratando o vírus em pacientes individuais, ao mesmo tempo reduzir as taxas de transmissão. É agora claro que os ARVs podem fornecer tratamento, bem como de prevenção quando se trata de HIV.

Muitas pessoas como aquela que citei no início do texto buscam forças para prosseguirem suas vidas, ou buscar uma vida nova, um novo parceiro, e aquela, de uma forma louvável, honesta, com atitudes responsáveis.

Os obstáculos são muitos, o acesso a informação, a necessidade de entender que é preciso realizar o exame Anti-HIV para esclarecer se é ou não positivo, o acesso aos antirretrovirais, seja por falta de financiamento da saúde ou por estruturas precárias em muitas localidades no mundo, mas de qualquer forma é um avanço, e as políticas de saúde pública voltadas para HIV/ AIDS estão olhando com mais atenção para este tema.


Silvano Vilela
Silvano Vilelahttps://www.plugbr.net/about/
Farmacêutico Bioquímico. Escreve sobre exames laboratoriais, testes de farmácia e tecnologia em saúde. Compartilha neste site que fundou em 2006 as experiências adquiridas dentro de um hospital.

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